Percorrer o Caminho dos Monges é recuar aos tempos da Ordem de Cister e conhecer o caminho milenar percorrido pelos monges ao longo dos 42km que compõem a GR64 recentemente inaugurada pelos municípios de Tarouca e Lamego.
Experienciar todos estes recantos requer algum tempo até porque o Vale do Varosa é rico em património edificado e paisagístico com um elevado valor histórico e cultural.
Para vos apresentar os primeiros 23km deste percurso iniciamos a caminhada no Mosteiro de São João de Tarouca e terminamos na ponte Românica de Vila Pouca em Salzedas.
No próximo artigo daremos a conhecer os 19km restantes que vão de Vila Pouca até à Ponte Metálica do rio Douro passando pelos sublimes varandins do Varosa.
Ruas de Ucanha |
Começamos a caminhada da melhor forma junto do Mosteiro de São João de Tarouca.
Classificado como Monumento Nacional aqui há muito por descobrir, a Igreja de São João de Tarouca, as ruínas do mosteiro e até o centro interpretativo onde poderão conhecer melhor toda a sua história.
A partir daqui uma rua estreita e uma pequena escadaria vai levar-vos até ao rio Varosa com um pequeno caudal nesta fase do percurso já que a nascente encontra-se numa freguesia próxima.
Mosteiro de São João de Tarouca |
Mosteiro de São João de Tarouca |
2. Ponte românica de São João de Tarouca
Chegamos à ponte românica de Tarouca, a primeira de muitas pontes históricas que iremos atravessar ao longo do percurso.
Daqui é possível avistar pequenas cascatas, moinhos e alguns socalcos que envolvem o caminho que se avizinha.
Ponte românica de São João de Tarouca |
Canastro ou espigueiro |
Ponte românica de São João de Tarouca |
3. Ponte românica de Mondim da Beira
Para chegar a este ponto percorremos um caminho sempre próximo do rio com excelentes áreas verdes, uma levada, campos de cultivo e até uma casa bastante caricata já bem próxima da ponte que vos mostramos agora.
O moinho do Pego, bastante bem preservado e recuperado anunciava que um recanto interessante poderia estar próximo e não há dúvidas que assim foi.
Repentinamente surge a ponte românica de Mondim da Beira, junto a ela, um pequeno parque de lazer, uma praia fluvial aparentemente bem equipada e uma povoação bem acolhedora.
Ponte românica de Mondim da Beira |
Moinhos do Pego |
Zona ribeirinha de Mondim da Beira |
4. Arco da Paredela
Continuamos o nosso caminho. Como paisagem de fundo belos campos de cerejeiras em flor preenchem o horizonte.
Um novo ponto ergue-se num local onde pouco parecia existir além da paisagem envolvente, o Arco da Paredela.
Ao que tudo indica o corpo do Conde de Barcelos estava a ser levado de Lalim para ser sepultado no Mosteiro de S.João de Tarouca, parou neste local no entanto as opiniões sobre o arco divergem de autor para autor. Para uns, é um marco monumental que se ergueu para demarcar o limite do Couto do Mosteiro de S.João de Tarouca, para outros, um monumento funerário.
Chegamos à cidade de Tarouca.
As primeiras ruas que nos recebem preservam ainda algumas habitações típicas o que torna qualquer cidade mais atrativa.
Lá no alto e bem no centro da cidade já começamos a observar o Morro da Alcâcima, um espaço de lazer bem conseguido já que é composto por um miradouro, uma igreja, uma horta biológica, um parque infantil, um pequeno ginásio ao ar livre e várias sombras das árvores onde desfrutamos de um bom descanso antes de continuar o percurso.
A uma curta distância e ainda na cidade de Tarouca encontrámos o Parque Ribeirinho.
O amplo espaço verde e os espelhos de água junto a todo o parque tornam o espaço incrível para atividades ao ar livre com a família ou amigos.
O mais difícil por aqui é mesmo decidir qual a atividade a praticar. A pista de skate, polidesportivo, campo de minigolfe, piscina, parque de merendas, parque infantil, espaço de recreio de cavalos são apenas algumas escolhas do vasto leque de possibilidades.
Caminhamos em direção a Dalvares.
Poucos metros depois do Parque Ribeirinho de Tarouca os campos de sabugueiros são o nosso primeiro foco já que por terras de Tarouca o sabugueiro é utilizado em bastantes produtos artesanais.
Como prova da sua importância existe até uma associação recreativa e cultural neste local intitulada de "Flor de Sabugueiro".
Já em Dalvares a Casa do Paço recebe-nos de portas abertas para uma visita ao Museu do Espumante Murganheira. Curiosos para conhecer o seu sabor?
A caminho de Ucanha aproximamo-nos novamente da zona ribeirinha e descobrimos recantos puros onde apenas os pássaros se faziam ouvir.
Uma pequena cascata, um moinho abandonado, plantações de macieiras, e uma subida um pouco mais ingreme pela montanha onde descobrimos até um quartzo, são os últimos passos antes da chegada ao local onde recomendamos um almoço.
Ao fundo já vemos a notável torre e ponte de Ucanha.
Mesmo à entrada da ponte existe a "Tasquinha do Matias", bastante acolhedora e com um atendimento excelente, apresenta-nos sabores típicos da região como é o caso dos "milhos no pote" que vão ter mesmo de provar.
O dia já vai longo e há que continuar a caminhada, mas antes ainda nos refrescamos na água do Rio Varosa e até subimos a célebre torre que nos deu uma nova perspetiva da aldeia.
Aproveitamos para vos deixar os motivos que levaram à construção deste monumento agora considerado "Monumento Nacional", a defesa, à entrada do couto monástico de Salzedas, a de ostentação senhorial, bem patente na alta torre e a da cobrança fiscal, pelo valor económico que tal representaria para o mosteiro cisterciense erguido próximo.
De volta ao percurso subimos uma rua peculiar com habitações bastante coloridas que nos dão vontade de fotografar cada cantinho.
Ucanha |
Torre de Ucanha |
Torre de Ucanha |
Ruas de Ucanha |
Ponte de Ucanha |
Torre de Ucanha |
Ponte de Ucanha |
Ruas de Ucanha |
Pelourinho |
Ruas de Ucanha |
Ruas de Ucanha |
9. Mosteiro de Santa Maria de Salzedas
Poucos quilómetros depois, junto de uma pequena capela e cemitério, começamos a descer uma calçada de onde avistamos um daqueles pontos que mais nos surpreendeu hoje.
O mosteiro de Santa Maria de Salzedas surge no meio de uma pacata vila do Douro de uma forma imponente.
A preservação da estrutura prova que ao longo da GR64 há mesmo muito por descobrir a cada passo.
Como já devem ter reparado, também o Mosteiro de Salzedas está construído junto a um curso de água, neste caso o rio Torno, no cumprimento da exigência de Cister de construir as suas dependências junto de cursos de água.
Aqui aconselhamos também uma visita ao bairro do Quelho, antiga judiaria de Salzedas.
Mosteiro de Santa Maria de Salzedas |
10. Ponte românica de Salzedas
Muito próximo e junto ao itinerário fica a ponte românica de Salzedas rodeada por vegetação.
Localizada num local recatado e calmo, esta ponte romana será uma boa sugestão para uma pausa já que a partir daqui tivemos de subir e descer algumas vinhas, olivais e algumas zonas de estrada.
Próximos da nossa meta, e antes da grande descida fica a aldeia da Murganheira, lugar onde se encontram as famosas caves graníticas da Murganheira que infelizmente não tivemos oportunidade de visitar. Contudo, fica esta referência para que o possam fazer.
A aldeia recebe-nos com a sua bela paisagem caracterizada pelas vinhas e socalcos que nos recebem de "braços abertos" com caminhos estreitos por onde o tempo parece não ter passado.
Na nossa descida a sinalética que encontramos relembra-nos todos os pontos que hoje conhecemos e deixa-nos ainda mais curiosos para os próximos que teremos de percorrer para a grande chegada à ponte sobre o Rio Douro.
Nesta última descida somos ainda surpreendidos por esta ponte onde existem 3 moinhos de rodízio, todos com caraterísticas diferentes devido ao cereal que moíam: milho, centeio e cevada.
Claro que descobrimos isto apenas depois de uma pequena pesquisa.
Mas uma coisa foi bastante clara assim que aqui chegamos, este era um dos recantos naturais mais bonitos do percurso que fizemos hoje.
Ponte românica de Vila Pouca |
Este é apenas um resumo do que descobrimos ao longo de 23km. Ficam ainda outros 19km que vos apresentaremos no próximo artigo.
Curiosos? Nós também!
Excelente registo!
ResponderEliminarMuito obrigado!
EliminarBoa noite tem muitos lindos lugares,caminhos dos monges mas porque a ALDEIA de( Cimbres) nao fazes parte desse roteiro com alguns monumentos antigos etc?
ResponderEliminarBoa noite, ao longo do percurso sinalizado penso não ter visto essa aldeia tenho até ideia que a aldeia que menciona não faz parte do mesmo concelho. Em todo o caso neste artigo nos mencionamos os pontos que mais nos cativaram o que não quer dizer que não existam muitos outros igualmente interessantes e com bastante história.
EliminarBoa tarde Pedro. Parabéns pelo artigo e pelas fantásticas fotografias. Para quem queira fazer o caminho como vocês fizeram, ou seja em dois dias, é fácil chamar um táxi em Vila Pouca de Salzedas (para nos levar de volta ao Mosteiro de S. João de Tarouca, onde vamos deixar o carro), ou é melhor acautelar essa questão previamente e ficar com o contacto de um taxista? Um abraço.
ResponderEliminarBoa tarde. Obrigado pelo seu comentário.
EliminarNós participamos numa caminhada organizada pelo município pelo que ofereceram transporte de regresso.
Em todo o caso penso que será melhor tentar agendar com alguém antes por segurança ou contactar o próprio município!